O Nubank ultrapassou a Petrobras — e o Nobel de Economia explica por quê

O Nubank ultrapassou a Petrobras — e o Nobel de Economia explica por quê

A ascensão do Nubank ao posto de empresa mais valiosa do Brasil, superando a Petrobras, simboliza a eficácia do modelo de crescimento baseado em inovação — exatamente o tema do Nobel de Economia de 2023, concedido a Aghion, Howitt e Mokyr. O texto conecta a teoria da destruição criativa com a prática no mercado brasileiro, destacando como políticas públicas, avanços tecnológicos e mudanças no comportamento do consumidor criaram espaço para novas lideranças no setor financeiro.

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29 de out. de 2025

Na segunda-feira, 13/10, o prêmio Nobel de Economia foi concedido a Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt por seus estudos sobre crescimento econômico impulsionado pela inovação. Em uma obra de facetas históricas, esses pesquisadores formalizaram, por meio de modelos econômicos, o conceito de “destruição criativa” mostrando matematicamente a eficácia da substituição de tecnologias obsoletas e comprovando o elevado retorno esperado de investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas ideias.

Não por acaso, com o fechamento das bolsas em 28/10, muitos se surpreenderam ao saber que o Nubank se tornou a empresa mais valiosa do Brasil, superando a Petrobras. Na era da inovação, nada mais simbólico do que ver o trono passar para um banco que acumula conquistas como digitalização completa de serviços financeiros, crescimento acelerado de clientes e adoção de tecnologias disruptivas. 

O caso do Nubank ilustra, na prática, os princípios defendidos pelos laureados do Nobel: empresas que investem em inovação, adotam modelos flexíveis e se adaptam rapidamente ao mercado têm mais chances de dominar setores inteiros, criando valor não apenas para acionistas, mas para toda a economia.

Porém, o trabalho dos economistas não parou por aí. O modelo desenvolvido por Aghion, Howitt e Mokyr descreve como inovações tecnológicas podem substituir produtos e processos obsoletos, promovendo o crescimento econômico. No entanto, essa transformação não ocorre de forma automática; ela depende de políticas públicas que incentivem a inovação e evitem a formação de monopólios capazes de sufocar a concorrência.

Por muito tempo, acreditava-se que os “bancões” brasileiros eram titãs intocáveis, protegidos por barreiras de entrada e ganhos de escala que tornavam quase impossível competir com eles, salvo pelo ingresso de grandes players multinacionais. 

Mas políticas públicas recentes ajudaram a mudar esse cenário e abrir espaço para novos protagonistas. O exemplo mais emblemático foi o lançamento do Pix, que reduziu custos de transação e estimulou a digitalização financeira, porém também medidas como a simplificação tributária para micro e pequenas empresas, a digitalização de serviços públicos e incentivos à inovação tecnológica criaram um ambiente mais favorável para fintechs e startups escaláveis.

Além disso, programas de educação financeira e a expansão do acesso à internet contribuíram para que uma população historicamente sub-bancarizada pudesse adotar rapidamente soluções digitais. Nesse cenário, o Nubank capitalizou essas mudanças estruturais, posicionando-se como líder no setor e refletindo, em parte, os efeitos indiretos de políticas públicas que estimulam inovação, competição e inclusão econômica.

A ascensão do Nubank ao posto de empresa mais valiosa do país é, portanto, mais do que um marco corporativo: é um retrato vivo da teoria econômica em ação. Ela mostra como ambientes institucionais favoráveis à inovação combinados com ousadia empreendedora e avanços tecnológicos podem reconfigurar estruturas de mercado inteiras. Se o século XX foi dominado por empresas que prosperaram na era industrial, o XXI pertence às que transformam informação, experiência e tecnologia em valor. O desafio, daqui em diante, será garantir que essa destruição criativa continue gerando progresso, e não apenas concentrando poder. Esperamos que o Brasil siga cultivando um ecossistema capaz de premiar quem ousa inovar.

© 2025 - Quad Financial & Wealth. Todos os direitos reservados.

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