Urânio na Rota da Transição Energética: Fundamentos, Ciclos e Como Investir

Urânio na Rota da Transição Energética: Fundamentos, Ciclos e Como Investir

O mercado de commodities é conhecido por seus ciclos de preços. Investir em setores cíclicos pode gerar oportunidades interessantes de risco x retorno, especialmente ao identificar os momentos de virada desses ciclos. Entre as commodities com características únicas nesse cenário, destaca-se o urânio.

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5 de jun. de 2025

O mercado de commodities é conhecido por seus ciclos de preços. Investir em setores cíclicos pode gerar oportunidades interessantes de risco x retorno, especialmente ao identificar os momentos de virada desses ciclos. Entre as commodities com características únicas nesse cenário, destaca-se o urânio.

O que significa investir em urânio?

Investir em urânio, na prática, significa investir principalmente em mineradoras especializadas. São empresas que buscam novas reservas, desenvolvem minas e realizam a extração do minério.

Assim como o valor da Vale acompanha os preços do minério de ferro, as empresas expostas ao urânio tendem a ver seu valor de mercado oscilar conforme os ciclos dessa commodity.

Vale lembrar: o urânio é fundamental para a geração de energia nuclear, já que seus átomos, ao serem divididos por fissão, liberam enormes quantidades de energia.

Por que o urânio é importante?

O urânio é o combustível dos reatores nucleares, sendo essencial para a produção de energia nuclear — que hoje representa 23,7% da energia limpa gerada no mundo.

Eventos como a COP29(Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) reforçaram o papel da energia nuclear como solução de baixa emissão para a crise climática. Com isso, aumenta o foco no financiamento de projetos e, consequentemente, na demanda por urânio.

A energia nuclear é percebida como uma alternativa estável aos combustíveis fósseis, ajudando inclusive a proteger carteiras contra choques nos mercados de petróleo e gás.

No Brasil, temos as usinas Angra 1 e 2 em operação, responsáveis por cerca de 3% da eletricidade nacional, e Angra 3 em construção.

Outras aplicações do urânio:

Além da geração de energia, o urânio é utilizado em outras frentes:

• Armas nucleares: na forma altamente enriquecida.
• Medicina nuclear: com isótopos utilizados em tratamentos oncológicos e exames de imagem.
• Propulsão naval: reatores em submarinos e navios militares.
• Pesquisa científica: em estudos sobre reações nucleares e física de partículas.

O mercado cíclico do urânio:

Assim como outras commodities minerais, o urânio passa por ciclos de preços acentuados. Mas com uma peculiaridade: seus ciclos costumam ser mais longos e explosivos.

Exemplos do passado ilustram isso:
• Paladin valorizou mais de 90.000%.
• Laramide, 32.000%.
• Cameco, 1.300%, mesmo com interrupção de produção.

A mineração só é economicamente viável com preços mais elevados, geralmente acima de US$ 60/lb, embora esse valor possa variar.

O Urânio passou praticamente todo o período entre 2013 a 2021 abaixo de US$ 40/lb, o que fez com que muitas minas fossem fechadas, diminuindo a oferta da commodity.

Isso faz com que, havendo um aumento da demanda, a oferta não consiga acompanhá-la, refletindo-se numa possível valorização dos preços. Isso inclusive já está ocorrendo, haja vista o salto dos preços para cima de US$70/lb nos últimos anos.

Dinâmica de mercado e ciclo do combustível nuclear:

A demanda por urânio caiu após o desastre de Fukushima (2011), o que levou vários países a reduzirem ou desativarem reatores.

No entanto, o cenário vem mudando. Diversos fatores influenciam os ciclos do urânio:

• Demanda: impulsionada pela reativação de usinas e metas de descarbonização.
• Oferta: concentrada em poucos países, com riscos geopolíticos.
• Custo de produção e políticas públicas.

Além disso, há o chamado ciclo do combustível nuclear, que vai muito além da simples mineração:

1. Mineração e produção do concentrado (yellowcake).
2. Conversão em gás (UF6).
3. Enriquecimento do isótopo U-235.
4. Fabricação das pastilhas de combustível.
5. Uso nos reatores.
6. Gerenciamento de resíduos radioativos.

Cada etapa conta com empresas especializadas e riscos próprios. Muitos ETFs do setor incluem empresas de diferentes partes desse ciclo.

Oferta e demanda global:

A World Nuclear Association (WNA) projeta forte crescimento da demanda por urânio até 2040, especialmente na Ásia.

A consultoria UxC estima um déficit contratual de 2,1 bilhões de libras de urânio até 2040 — ou seja, a oferta futura já está aquém do necessário.

Em 2024, a produção global concentrou-se em:

• Cazaquistão: 38,5%
• Canadá: 13,6%
• Namíbia: 9,3%

Essa concentração geográfica aumenta o risco de interrupções no fornecimento, sendo o caso do Cazaquistão, que enfrentou dificuldades logísticas devido a sanções contra a Rússia, afetando suas rotas de exportação.

Como investir em urânio?

A forma mais prática de investir no setor é por meio de ETFs (Exchange Traded Funds) que reúnem ações de empresas ligadas à cadeia do urânio:

• Global X Uranium ETF (URA): com foco em mineradoras e empresas de tecnologia nuclear.
• VanEck Uranium+Nuclear Energy ETF (NLR): exposição mais ampla, incluindo empresas de geração elétrica.

Para investidores brasileiros, há o BURA39, um BDR negociado na B3 que replica o ETF URA da Global X e o ETF da VanEck NUCL11.

! Este conteúdo não constitui recomendação de compra ou venda de ativos.

Vantagens do investimento em urânio:

• Potencial de valorização com a expansão da energia nuclear.
• Diversificação setorial, principalmente em energia e commodities.
• Descorrelação com ativos tradicionais (renda fixa e variável).

Riscos a considerar:

• Volatilidade de preços e ciclos acentuados.
• Sensibilidade regulatória e política, especialmente após acidentes nucleares.
• Exposição geopolítica devido à concentração da oferta em países instáveis.
• Desafios ambientais, como o descarte dos resíduos radioativos.

Conclusão:

A exposição nas empresas ligadas ao urânio pode ter espaço dentro de uma carteira de investimentos sob a forma de alocação alternativa e estratégica, considerando especialmente a transição energética pela qual o mundo está passando e a importância da energia nuclear para isso.

No entanto, trata-se de um investimento alternativo, com riscos próprios e alta volatilidade. Exige entendimento dos ciclos de mercado e apetite ao risco.

Na QUAD Wealth, além dos mercados tradicionais, acompanhamos de perto teses alternativas e as formas mais eficientes de se expor a elas, avaliando fundamentos, tendências globais e o perfil de risco de cada cliente.

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